A relação entre os seres humanos e os animais de estimação tem se transformado significativamente ao longo dos anos. Cães e gatos, antes considerados apenas animais de guarda ou companhia, tornaram-se membros da família, recebendo atenção, cuidados e serviços cada vez mais especializados. Entre esses serviços, o banho e tosquia — tradicionalmente oferecido em pet shops ou clínicas veterinárias — ganhou relevância não só por motivos estéticos, mas também por questões de higiene, saúde e bem-estar do animal.

Com o crescimento desse setor, tornou-se essencial estabelecer uma comunicação clara e honesta entre tutores e profissionais de banho e tosquia, conhecidos como groomers. Um dos aspectos mais importantes dessa comunicação envolve o comportamento do animal, especialmente no que diz respeito à agressividade.

Informar previamente se o cão apresenta comportamentos agressivos ou não pode parecer um detalhe, mas é, na verdade, uma atitude de responsabilidade que afeta diretamente a segurança dos profissionais, o bem-estar do animal e a qualidade do serviço prestado.

Neste texto, exploraremos de forma abrangente os motivos pelos quais é fundamental que os tutores sejam transparentes quanto ao temperamento de seus cães, como essa atitude beneficia todas as partes envolvidas e quais as consequências da omissão dessa informação.

1. Segurança do profissional: uma prioridade inegociável

A segurança dos groomers deve ser uma preocupação central em qualquer serviço de banho e tosquia. Esses profissionais lidam diariamente com animais de diferentes portes, raças, temperamentos e históricos. Ao manipular o animal, seja para escovagem, corte de unhas, tosquia ou limpeza de ouvidos, o groomer está em contato direto com áreas sensíveis do corpo do cão, o que pode gerar desconforto ou medo, especialmente em animais que não estão acostumados ao processo ou que já tiveram experiências negativas.

Quando um cão é agressivo e o profissional não é avisado previamente, ele vê-se numa situação de risco inesperado. Mordidas, arranhões, investidas ou comportamentos de resistência física podem causar acidentes graves, levando a lesões, afastamento do trabalho e até processos legais.

Informações básicas, como se o cão costuma rosnar, morder ou se irritar com certos toques, ajudam o groomer a  preparar-se melhor, adotar técnicas específicas de contenção e proteção e, principalmente, garantir sua própria segurança.

Além disso, a legislação do trabalho e as boas práticas de segurança no trabalho exigem que empregadores ofereçam condições seguras aos seus funcionários. A omissão de informações relevantes por parte do tutor compromete essa segurança e pode ter implicações legais e éticas.

2. Bem-estar do animal: uma experiência menos traumática

Cães não nascem a saber como se comportarem durante um banho ou uma tosquia. Muitos sentem medo de barulhos como o do secador ou da máquina de cortar pelos, incomodam-se com toques em áreas específicas (como patas ou focinho) ou ficam stressados com o ambiente do salao de Banhose  Tosquias. Quando um animal tem histórico de agressividade, isso geralmente está ligado a medo, dor, insegurança ou traumas anteriores.

Ao informar que o cão pode apresentar comportamento agressivo, o tutor dá ao groomer a possibilidade de trabalhar com mais empatia e cuidado. Profissionais preparados para lidar com esse tipo de situação podem usar abordagens mais suaves, pausas durante o atendimento, reforço positivo, técnicas de sensibilização e até acessórios específicos, como açaimes confortáveis e contenções seguras.

Tudo isso contribui para uma experiência menos stressante para o cão. Em alguns casos, quando bem conduzido, o processo pode até ajudar o animal a perder o medo e reduzir comportamentos agressivos ao longo do tempo. Mas para isso é preciso tempo, paciência e, acima de tudo, preparação — que só é possível quando o groomer sabe com o que está lidando.

BANHOS E TOSQUIAS AO DOMICILIO
Consulte aqui os nossos Serviços Banhos e Tosquias a Cães

3. Comunicação e confiança: a base de um serviço de qualidade

A prestação de qualquer serviço exige confiança mútua entre cliente e o profissional. No caso do banho e tosquia, isso é ainda mais sensível, pois o tutor entrega um membro da família aos cuidados de outra pessoa. Por isso, a comunicação precisa ser clara, honesta e completa.

Quando um tutor esconde ou minimiza o comportamento agressivo do cão — muitas vezes por vergonha ou medo de ter o atendimento recusado —, ele quebra essa relação de confiança. A falta de transparência pode levar a situações inesperadas, acidentes ou mesmo à interrupção do serviço no meio do processo, gerando frustração para ambas as partes.

Por outro lado, quando o tutor é honesto, o profissional sente-se mais respeitado e valorizado, e pode até sugerir soluções alternativas, como agendamento em horários mais tranquilos, uso de sedação leve (quando indicada por veterinário), acompanhamento do tutor ou envio do cão a um centro especializado em comportamentos difíceis. O diálogo aberto cria um ambiente de colaboração, e não de conflito.

Leia Tambem
Por que o Banho e Tosquia de Animais Agressivos Exigem Mais Tempo e preço Adicional
Obrigações dos detentores de Animais de estimação
Como escolher o melhor seguro para animal de Estimação?

4. Responsabilidade legal e ética do tutor

É importante lembrar que os tutores têm responsabilidade legal sobre os atos e comportamentos de seus animais. Se um cão morde um profissional durante o atendimento, e isso acontece porque o tutor não informou previamente sobre o risco, ele pode ser responsabilizado por omissão. Dependendo da gravidade da lesão, a situação pode evoluir para um processo judicial ou o pagamento de indemnizações por danos físicos e morais.

Além das implicações legais, existe a responsabilidade ética. O bem-estar dos profissionais também deve ser uma prioridade para o tutor, assim como o respeito à profissão. Não informar que um cão é agressivo coloca em risco não só o groomer, mas também outros animais e funcionários do local.

Assumir a responsabilidade pelo comportamento do cão é um ato de maturidade e respeito. Em vez de esconder ou negar comportamentos agressivos, o tutor deve buscar ajuda profissional — com treinadores ou veterinários — e comunicar com clareza a situação à equipe de banho e tosquia.

5. Agressividade não define o cão: a importância de contextualizar

Outro ponto importante é que muitos tutores sentem-se desconfortáveis em admitir que seu cão é agressivo porque temem o julgamento. É fundamental entender que a agressividade é um comportamento que pode ser trabalhado e, muitas vezes, é situacional. Um cão pode ser dócil em casa, mas se tornar reativo em ambientes novos, com pessoas desconhecidas ou diante de certos estímulos.

Ao informar o groomer sobre essas situações específicas — por exemplo, “ele não gosta que toquem nas patas” ou “ele já mordeu quando escovaram os dentes” —, o tutor não está dizendo que seu cão é mal ou perigoso, mas sim sendo cuidadoso e colaborativo.

A contextualização permite que o profissional ajuste sua abordagem e previna situações de risco. Além disso, ajuda a desmistificar a ideia de que cães agressivos não podem ser atendidos. Podem sim — desde que haja preparo, informação e respeito.

6. Casos especiais: cães resgatados, traumatizados ou com necessidades específicas

Cães que passaram por situações traumáticas, foram vítimas de maus-tratos ou viveram por muito tempo nas ruas costumam apresentar comportamentos defensivos. Esses cães podem reagir com agressividade mesmo sem intenção de machucar, apenas por estarem em alerta constante. Muitas vezes, precisam de tempo e atendimento especializado para se sentirem seguros.

Nesses casos, informar o groomer sobre o histórico do animal é ainda mais importante. Além da agressividade, o tutor pode relatar sinais de ansiedade, hipersensibilidade a sons ou movimentos, ou dificuldades de socialização. Quanto mais detalhes forem fornecidos, melhor será a adaptação do serviço às necessidades daquele cão.

.

7. Benefícios para o tutor: economia, confiança e bem-estar

Ser transparente quanto ao comportamento agressivo do cão traz benefícios diretos também ao tutor. Ao evitar situações stressantes  ou perigosas, o cão passa a associar o banho e tosquia a uma experiência menos negativa, tornando-se mais cooperativo ao longo do tempo. Isso reduz a necessidade de contenções mais rígidas, o uso de medicamentos ou a procura constante por novos estabelecimentos — o que pode gerar custos adicionais.

Além disso, o relacionamento com o groomer fortalese-se. Quando o profissional percebe que o tutor é consciente, responsável e colaborativo, ele tende a comprometer-se ainda mais com o bem-estar do cão e oferecer um serviço de maior qualidade. Muitos groomers desenvolvem laços de confiança com seus clientes frequentes, conhecendo cada animal e ajustando os cuidados às suas particularidades.

Conclusão: responsabilidade, respeito e cuidado

Em resumo, informar aos groomers se o cão é agressivo ou não é uma atitude de responsabilidade e respeito — com o animal, com os profissionais e com a própria sociedade. A agressividade não é um defeito, mas sim um sinal de que o animal precisa de atenção, compreensão e, muitas vezes, orientação especializada.

Profissionais bem preparados são capazes de lidar com diferentes comportamentos, desde que tenham as informações necessárias. E tutores conscientes são aqueles que reconhecem as características de seus cães e buscam proporcionar a melhor experiência possível a eles — mesmo que isso signifique admitir que há desafios a enfrentar.

A comunicação transparente é o primeiro passo para uma convivência mais harmoniosa, segura e saudável entre pessoas e animais. Em vez de esconder comportamentos, devemos entender suas causas e buscar juntos soluções. Assim, construímos uma rede de cuidado, confiança e amor que beneficia não só os cães, mas todos que convivem com eles.